quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

e essa tragédia que é viver...faço tempestades na minha xícara de café enquanto encontro uma velha amiga no seu vestido verdeabacatedemodé manchado de poeira e tinta de caneta. já nem sei como chamá-la, nem se há de responder. aos saltos de suas vontades, sinto a dor nos pulsos a cada palavra roubada, cravada nas costas de um passado em papel largado o que um dia se chamou de quarto, onde se amou e agora restam versos perdidos na parede..de tudo fica um pouco do meu medo do teu asco dos gritos. a chuva me confunde ainda mais, mero didatismo, ou para os leigos, como eu, caminho, que mesmo com o retorno ao acaso, não passa de um revirar de estômago, vômito revisitado sem asco e submerso então os sentidos outros afogados. o lugar comum é o da dor. dor da palavra que uma vez cravada admite no máximo rasuras. e essa não é nem mesmo uma paráfrase invertida, mas um eco diferente, com ares de estranheza, em si a mesma palavra. Olho seu vestido roto,lembro dos beijos que ainda não lhe dei e daqueles se perderam nunca e sei que nunca se perder irão. mas por quê? se de tudo fiz para que se perdessem. eis a pergunta da resposta e tento tapar o sol com a peneira. apagar uma memória é dar lugar a outra ou vestir-se tal pierrot em lágrimas. por que o céu chora tanto? cúmplice de tudo? e a aproximação, o erro, toca minhas mãos meio furtiva sabendo que também o quero a necessidade de partir em mil o que muitos chamam de coração, afasto as minhas e então tal qual salto as entrego no carinho ingênuo, mas sabedor dos desvios. Fere. a quem? a mim? a ti. Não, ao tempo que quer os ares todos pra si, tempo, grande redemoinho a sugar pó a pó, tudo. ela ajeita o vestido ao corpo, como se não fossem um só, acena o mesmo passado. eu só

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

retorno. ultrajo a fotografia
reinvento o seu meu olhar
acendo a saudade do salto
mergulho em chão profundo
pour un exil
queimo a palavra no papel
cúmplices
a poeira torna viva
os passos à dança me convida
reescrevo o ritmo
retorno. de tudo fica um pouco
me deixo desenhar me perco
nas suas minhas mãos
crua a palavra ganha contorno
nos meus seus lábios
na imagem entrecortada
andamos cúmplices. retorno
nos desmanchamos
numa fotografia
ainda por tirar

sábado, 17 de outubro de 2009

dos traços destraços que se traçam
destinos
circunstância de todos os ventos
ao passo da violenta velocidade
o protesto calado
tocaia
e sangra a angústia de tua condição
rendidas à mesma rua
seus tons dissonantes
nus
como esta é na vida tua
mistério
só de as olhar
as palavras espiam imaginam vivem

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

o que colho na trincheira dos dias
é mais que sangue imerso em
suor repleto de tantas vozes
grades mortes o fruto nas mãos cantam
os ventos as ausências o tambor
por tocar o intocável as mãos cerram-se
na terrasfalto e as previsões
tangenciam nossas vidas
como nadas o fruto nas mãos
entre a sala e o lixo
o que esperam ainda a fala
a vergar a fala a rosa no meio do asfalto brilha
brilha nos olhos da criança
o tempo esquece o que é ser
tempo o fruto nas mãos
já não são mais que palavras
as palavras o fruto já não sabe a hora
de ser e então tudo se cala
os pés miudos ganham o asfalto
entre os braços a rosa o fruto nas mãos
há motivo para colheita?
854 milhões de pessoas passam fome
de forma crônica em todo mundo
a cada sete segundos morre uma criança de fome
o tempo não quer ser
tempo o fruto nas mãos
no meio de tudo conduz a criança a rosa
o fruto nas mãos?

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

a cidade experimenta seus silêncios
tudo falta pra dizer palavra
me calo
antes que eu exploda o caos
da minha angústia

(be be your love - playing)

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

em nós

"há um Todo
vertendo seu todo em nós" Ladjane Bandeira


Estremeço certo obtuso
sopra ao ouvido a vida
caos
destes dias embriões abortados
pela vida abortados
a estrada cessa
surda ab surda
nesse grito que ontem devia ter dado
e não dei
neste grito que devodar
e não dou
naquele que deveria dar...

o embrião serporsiepelosoutrostantos passeia no Parque Halfed de mãos dadas com o tempo